Deambulações de um SUSPEITO Português, nestes novos COSTUMEs Magyares

segunda-feira, fevereiro 27, 2006


5ª Feira de OPERA

Na 5ª Feira passada resolvi fazer a minha primeira incursão às famosas Óperas de Budapeste. Como acho que se é para ir, devemos ir á grande, comprei bilhetes de plateia – très chique! Eu e a minha partener (pediu anonimato), ficámos sentados em plena high society de Budapeste. Nunca tinha presenciado a tão vistosos vestidos de noite, lado a lado com velhotas de xaile tipo peixeira de Matosinhos – fantástico!! – nunca tinha visto tão eclético público.
A OPERAHÁZ (Ópera de Budapeste) é riquíssima, fazendo jus ao seu estilo Neo-Renascentista. Foi construída em pleno apogeu do império Húngaro (1884), e nessa altura não se olhavam a custos. Só para terem uma ideia de como esta gente funcionava nesses tempos de vacas gordas, não resisto a contar uma história:

  • O principal marco e ex-libris de Budapeste é o Parlamento. Em 1870, foi decidido iniciar o concurso de ideias para a construção deste edifício e em resposta apareceram 3 projectos igualmente bons. Como o patrão é rico, não têm meias medidas – "constroem-se os 3!". O resultado é magnífico, mas completamente megalómano com os seus 20 km de escadas e 691 salas, dispersos por 3 edifícios projectados, cada um deles, para dar resposta à mesma necessidade!


Não dispersando mais, toda a Ópera é deslumbrante e vale realmente a pena a visita.
A exemplo de todos os espectáculos na Europa Central, a hora de início da nossa peça foi às 18H. Claro que quando comprámos os bilhetes apenas vimos o nome da peça. Toda a restante informação estava em Húngaro e por isso achámos bem ficar por aqui.
Sentámo-nos e quando por volta das 19H30 batemos palmas e nos levantámos, ficámos na dúvida se era intervalo ou se tinha realmente terminado. Quando ouvi a resposta dada a uns franceses, à questão que eu tinha na minha cabeça, não quis acreditar… Este era apenas o 1º Acto... a peça era de 3 actos!! Nunca tinha estado 4 horas a ouvir Ópera e por mais esforço que tenha feito, ela venceu-me e a meio do 2º Acto passei mesmo pelas brasas. E isto, com praí 70 gajos a cantarem com todos os seus pulmões. Acho que sucumbi perante tamanha injecção sonora.
O espectáculo foi realmente muito bem encenado e os cantores eram todos fantásticos, mas eu cortava o tempo para metade. A última cena, foi a mais épica com o herói a regressar a casa da guerra, no momento em que a amante (já morta de tanto esperar) era canonizada como Santa :p
Saímos da ópera, com um buraco no estômago do tamanho do fosso da orquestra, mas com uma experiência que nos há-de acompanhar até ao fim dos nossos dias.

Sziasztok

PS: A musica é uma gravação feita por mim no final do primeiro Acto.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

LACI & FIONA

Desde que cheguei cá e de todas as pessoas que tenho conhecido, para já só duas posso considerá-las minhas amigas: o Laci e a Fiona. O Laci, é um rapaz pseudo-romeno da Transilvânia (pseudo-romeno porque a Transilvânia até à 2ºGM, fazia parte da Hungria e por isso toda a família dele é húngara e ele sente-se húngaro) . É Engenheiro Florestal e trabalha na WWF, na gestão das Florestas da Hungria. A Fiona é escocesa e está cá em Budapeste a fazer um doutoramento em Ecologia Social (daí a ligação de ambos).
A forma como acabámos por nos cruzarmos foi um tudo ou nada curiosa. Quando comecei a preparar a minha vinda, mandei um email para pessoas que também passaram por aqui no âmbito do mesmo programa do ICEP em que estou integrado, no intuito de pedir possíveis contactos e informações sobre a cidade. Numa das respostas a este email vinha referido o nome do Laci e o respectivo contacto electrónico. Obviamente, tratei logo de lhe escrever, para ver se ele me podia ajudar a encontrar casa. Curiosamente, acabou por ser ele a direccionar-me para um site onde "vislumbrei" o meu apartamento pela primeira vez.
Após 3 dias de estar cá, recebi um segundo email dele a perguntar se eu já tinha chegado, e a disponibilizar-me o número de telemóvel dele. Como eram os primeiros dias e eu andava realmente perdido, aproveitei essa oportunidade e liguei-lhe. Mais uma vez foi extraordinariamente solícito. Combinámos logo no dia seguinte encontrarmo-nos, porque ele me queria mostrar alguns anúncios de andares.
Lá nos encontrámos na Universidade em que a Fiona estuda (http://www.ceu.hu/ – esta Univ. foi criada pelo George Soros, um húngaro que fez fortuna nos EUA) e passado meia-hora estava a convidar-me para ir jantar a casa dele. Se para nós Portugueses isto já é um gesto especial, acreditem que aqui o é ainda mais.
O caricato de toda esta história, chega agora… Às 20h30, chego eu a casa deles, sento-me no sofá com o Laci e olha para mim e pergunta: “How the hell did you get my contact?”. Fiquei completamente atrapalhado com a pergunta, pois no primeiro email tinha-lhe dito que tinha sido um Filipe Guerra que mo tinha dado, e foi isso mesmo que lhe repeti. Bom, o Laci não fazia ideia de quem o Filipe pudesse ser, e eu não o pude ajudar pois também não faço a menor ideia!!! Claro que toda esta história acaba com nós os três às gargalhadas, agarrados a uma garrafa de Palinca e “close friends forever”...
Sziasztok


ALMOÇO NA EMBAIXADA

Mai nada!! Meus amigos, é assim! Quem pode... pode! Ao fim de semana e meia em Budapeste, já estava a ser recebido com toda a pompa e circunstância na Embaixada de Portugal em Budapeste, pelo Senhor Embaixador Luís Filipe Castro Mendes. Haaa, que tal??
Bom, a história não é bem assim (mas até podia ser!). Na verdade, o Bruno Delgado é sobrinho do Embaixador Português cá na Hungria e por isso o tio dele quando soube que eu também estava por cá, resolveu convidar-me para um almoço informal de domingo (dia 5 de Fevereiro), em casa dele.
Para além de um excelente almoço, o dia tinha muito mais para oferecer do que eu pensava. A casa da Embaixada está situada nas colinas de Buda, na zona mais “chique” da cidade, muito perto de um parque lindíssimo. Nesse parque, encontra-se uma torre, que dizem ser o local predilecto da SISSI. Assim, quando acabámos o almoço, eu e o Bruno, decidimos ir dar uma volta pelo parque até à dita torre. Estava um dia de sol fantástico e todo o parque estava nevado, o que para um Tuga é sempre fonte de felicidade (um tema a desenvolver no futuro – “O extasie que a neve provoca nos Portugueses”). O parque é fantástico e o passeio (à parte dos constantes ternos na neve) foi mesmo à maneira. Estava a precisar de um pouco disto – almoço, passeio e conversinha, tudo à moda portuguesa.
A seguir ao passeio fui dar uns mergulhos na piscina da casa (um must em qualquer boa casa de Buda, é ter piscina interior!). Ainda acabei por ser convidado para ir jantar com a família toda a um alto café mesmo ao lado de minha casa. Ou seja, um dia calmo mas belissimamente bem passado.
Sziasztok

quarta-feira, fevereiro 22, 2006




TEATRO made in BUDAPEST
(mais alternativo, seria impossível)

Só no dia 3 de Fevereiro me consegui encontrar com o Bruno Delgado (tá também cá a trabalhar na Consugal). Como me ia encontrar com a Reka (obrigado Maria José) aproveitei e combinei também com o Bruno.
Bom, indo por partes, a Reka é uma amiga da Maria José (C9) que desde que cá cheguei, tenho tentado falar, para ver se ela me dá umas infos da cidade. Já que ia falar com ela, achei que o Bruno também poderia aproveitar. Assim, encontrámo-nos os três na porta do Match.
Quando a Reka chega (porque chegou atrasada), deu logo para perceber que o encontro ia ser no mínimo interessante (não necessariamente bom, ok?). Ela é completamente stressada!! Muito revoltada com a Hungria e com os húngaros e desejosa de basar daqui para fora. Ora para 2 rapazitos acabadinhos de chegar, esta não era a melhor interlocutora que poderiam encontrar... Houve alturas que tive de me segurar para não ser indelicado, tal era o nível de doidísse da rapariga. Mas, no final, valeu a pena o esforço.
Gradualmente fomos conseguindo explicar-lhe que apenas queríamos compreender a cidade e tentar criar laços com as pessoas. Ela foi suavizando o discurso e permitindo que o gelo se quebrasse. Ao fim de 45 minutos acabou por nos convidar para ir ao Teatro com ela. "Vou com mais uma amiga, o teatro é muito bom, vocês vão gostar!". Acabámos por achar que valia a pena aceitar o convite e arriscar pelos suburbios de Budapeste a procura deste Teatro, atrás de duas Budapestianas.
O Teatro revelou-se uma agradável surpresa. Uma mistura muito bem conseguida de experimentalismo, interactividade e criatividade. Todo o público estava no próprio palco, enquanto a plateia era projectada numa parede. A peça era uma versão muito re-adaptada do D.Quixote. Claro que toda a peça era falada em Húngaro, ou seja, salvo as pequenas traduções da Reka, tornava-se dificil de acompanhar a história.
Mas, como já disse, valeu realmente a pena. Claro que às 22h távamos a caminho de casa. Aqui fica uma foto deste regresso com as duas doidas (reparem que a Reka entretanto roubou uma escova de dentes gigante, pertença do Teatro onde tinhamos ido).
Sziasztok



CASA NOVA, VIDA NOVA
Dia 30 de Janeiro, mudei-me para a minha nova casa. É fantástico como o ter casa, muda tudo. Acho que é onde sentimos realmente a passagem de uma posição de reles turista para habitante de pleno direito.
Tive sorte! Não só arranjei uma casa central, grande, com vista para o Museu Nacional, como também tive a fortuna de a encontrar já equipada com Net, simpácticos móveis IKEA e a cereja em cima do Bolo ("brinde da semana"): uma fantástica Bicla GIANT. Não podia pedir mais. Não é própriamente barata, pelo menos para o contexto Húngaro, mas nunca em Portugal com 400 euros conseguiria estar tão bem instalado.
O Senhorio é um médico, o que também dá sempre jeito. Aliás, mal me mudei, já estava ele a passar-me uma receita para comprar Brufen (de tanto andar nos primeiros dias, dei cabo dos meus joelhos). Tem apenas um hábito irritante - de cada vez que lhe abro a porta, entra-me pela casa a dentro - imagino que queira controlar o nível de estragos que já inflingi à casa :D
Apartir de hoje, estão todos convidados para virem a Budapeste. Já não se podem queixar de não terem casa aqui, ok?
Sziasztok

PRIMEIROS DIAS
Dia 25 de Janeiro, acabadinho de chegar e eis a primeira foto. A ultima vez que tinha olhado para o Danubio, foi há 8 anos atrás e era Verão.
Não foi só o Danubio que mudou (estava congelado nestes primeiros dias, aliás toda a cidade estava gelada, fruto dos -15º sentidos), toda a cidade me parece diferente. Concerteza, esta mudança não é fruto apenas da evolução de um regime comunista para uma União Europeia, mas também da minha forma de olhar para as coisas.
Há 8 anos, estava de passagem e em férias, hoje sei que esta cidade há de ser "minha" durante os próximos 9 meses. Isso molda a nossa forma de a ver! Mas esta experiência de poder olhar para ela desta forma, deixou-me extasiado de alegria. Nesse momento, ainda não sabia das dificuldades dos primeiros dias - procura de casa, criação de rede de amigos e contactos, o isolamento criado pela língua, etc. - mas até isso criou contextos interessantes que me ajudaram a assimilar as realidades deste povo, deste país e particularmente desta cidade.
Sziasztok

O CORTAR DA FITA
(nada será como dantes)
Este primeiro Post, como não poderia deixar de ser, serve "apenas" para formalizar a abertura oficial do meu Blog. É o meu primeiro blog e por isso espero muitas dicas para que cresça e evolua da melhor forma ;)
Finalmente, e após 3 semanas sinto-me instalado em Budapest e acho que tenho todas as condições para iniciar este projecto. Este Blog, não será mais do que um diário aberto (obviamente aberto até onde eu quiser, ao fim ao cabo sou eu que mando aqui, né?!), onde tentarei espelhar as minhas experiências aqui por Budapest.
Sziasztok